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CURITIBA

Curitiba em suas mãos
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Morador de rua chama atenção com o “quarto da marquise”

Há cinco meses, o pedreiro Éberson Silva teve os documentos roubados e, por isso, não consegue emprego



Uma vassoura, um balde, um colchão, roupas de cama limpas, uma cadeira que faz às vezes de um guarda-roupa e um caixote como mesa de cabeceira improvisada, onde repousam alguns livros, garrafas de água e uma Bíblia sempre aberta. Este quarto simples fica em um endereço nobre da cidade, na divisa do Centro com o bairro Batel.  Sobre a marquise do prédio da esquina da Avenida Sete de Setembro com a Rua Coronel Dulcídio, o pedreiro Éberson Luiz da Silva, 42 anos, vive neste “quarto” há cinco meses como morador de rua.
“Eu morava com meu pai em Pontal (no litoral do Paraná), mas brigamos e ele me mandou para fora de casa”, conta. “Então eu vim parar aqui, em Curitiba, onde acabei sendo roubado. E sem documento, não adianta. Você não consegue emprego.” Silva conta que várias pessoas param para ajudá-lo, mas o que quer mesmo são os documentos novos para conseguir um trabalho e sair da rua. “Quero ter meu canto, minha família. Não sou vagabundo, não”, desabafa. “Sou trabalhador.”

Silva revela que quando ficou sem os documentos procurou a Fundação de Assistência Social (FAS) para tentar conseguir retirar uma segunda via.  “Lá me disseram que eu era imigrante e, por isso, teria de ficar de sete a oito meses na rua para receber este tipo de ajuda”, revela.  Ele tentou ficar na FAS, mas a bagunça não deixou. “O pessoal que freqüenta lá é muito bagunceiro, tem gente que bebe, usa droga e eu não sou disso”, relata.
O único documento que possui é o Boletim de Ocorrência (BO), do registro do roubo dos documentos feito por um companheiro de rua, com quem dividia a marquise. Natural de Londrina, no Norte do Estado, Silva conta que tem parentes que ainda residem na cidade Natal e com quem tenta contato para conseguir uma segunda via da certidão de nascimento, exigida para fazer a segunda via da carteira de identidade. “Eu dei o endereço de minha irmã, Elaine, lá de Pontal”, diz. Sobre a mãe, apenas diz que ela morreu há tempos e, por isso, foi criado pelo pai.

Silva deixou Londrina aos 30 anos e conta que, antes de ir morar com o pai e a irmã em Pontal, residiu em Curitiba onde vivem alguns parentes e também teve uma companheira, com quem morou no bairro de Santa Felicidade. “Não éramos casados e, apesar de estarmos separados, nos damos bem. Ela até tentou me ajudar, mas ela já tem outra pessoa e eu acho que não seria certo aceitar. Não quero complicação pra ela e nem pro meu lado”, avalia. “Tenho parentes também, mas não quero ficar na dependência de ninguém porque, sabe como é. Dizem que parentes são os dentes, e são mesmo”, filosofa.
Em Londrina, Silva conta que trabalhou na construção civil, como pintor e até mesmo com ferragens e em lojas de material de construção. Com 2º grau completo, Silva revela que nestes cinco meses que está na rua, apenas uma vez ofereceram um bico para ele fazer. “Era para puxar umas coisas ali para um senhor, mas só isso”, diz.

Via: Bem Paraná

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